
Voar é bom, é magnífico, é ter um gostinho do que é ser Alma novamente, sem corpo, sem limitações, sem Medo. É regressar a casa.
A Espiritualidade dá-nos asas, ou talvez nos relembre que sempre as tivemos. E, quando começamos a dar os primeiros passos nesta viagem, experimentamos momentos de pura Pureza, momentos fugidios de início, depois mais longos, mas sempre com um prazo de validade. E abre-se um mundo que sempre soubemos que deveria existir, um mundo para além do visível e da imaginação, um mundo que nos toca sem percebermos bem como e, por momentos, está tudo bem. Nesses momentos, não estamos sós e temos consciência do diálogo constante que mantemos com a energia, porque nós somos energia, nada está separado e, nesses momentos, podemos sentir essa plenitude e essa comunhão. É magnífico.
Talvez seja por isto que tantas pessoas que têm experiências com a energia de Luz tenham depois tanta dificuldade em voltar. Sim, voltam fisicamente às suas vidas, às suas rotinas, mas o seu coração já não está cá, viaja algures pela magia etérea da atmosfera. É duro quando passamos pela experiência de plenitude e do ilimitado e termos de voltar para uma vida que, de repente, nos parece tão pequena e cinzenta. Sempre soubemos que a nossa vida estava um pouco desequilibrada, internamente conseguíamos sentir essa dor, mas é quando nos abrimos à Fonte, ao Universo, a Deus ou qualquer que seja o nome que queira atribuir, é nesse momento que o espelho de tudo o que a nossa vida é nos olha directamente nos olhos. E, na grande maioria das vezes, não gostamos do que vemos. Podemos chegar até a sentir que nos é insuportável voltar ao ranque-ranque do dia-a-dia. E, de repente, as pessoas que nos rodeiam já não nos parecem as mesmas, não nos cativam como dantes, as conversas aborrecem-nos e até podemos começar a notar padrões negativos, os nossos valores e crenças subitamente já não nos fazem sentido… e ficamos à deriva. Como viver na pele de um passado que ainda não se transformou num futuro? Não podemos viver em nós, mas também não podemos viver fora de nós. Então, criamos esta separação entre o Eu rotineiro, o que cumpre as suas obrigações, honra as responsabilidades, paga as contas, vai para o emprego, limpa a casa e o Eu espiritual, que nos abre as portas para um mundo de infinitas possibilidades, sensações de comunhão intensa com a nossa Alma, um matar saudades com a nossa família universal. Talvez tenhamos noção desta separação, ou talvez não.
Qualquer que seja a nossa história pessoal, todos nós, de uma forma ou doutra, sabemos o que é sofrimento. Mesmo as pessoas que nos parecem superficiais, não podemos de facto saber o seu interior sem lá estar dentro. Conheci mulheres e homens lindos fisicamente, confiantes, com um historial enorme de conquistas amorosas, com empregos fabulosos e que se sentiam os seres mais miseráveis à face da Terra. É difícil lidar com a nossa parte emocional quando ela está ferida e é duro tomar consciência do nosso estado mental. E é assustador pensar no caminho que ainda temos de percorrer e o sofrimento que temos de atravessar se o fizermos. É muito mais reconfortante aninharmo-nos no colo da energia e sermos embalados no seu abraço.
Contudo, vivemos aqui. E estamos aqui por razões importantes. É maravilhoso voar, mas é vital criar raízes. Por mais difícil que seja, nascemos humanos para viver emoções, mesmo quando estas ameaçam engolir-nos. Viver com a ilusão de que estamos a evoluir quando, na verdade, nos rendemos à fuga, é criar ainda mais sofrimento e separação. A magia existe aqui também, a energia de Luz pode impregnar cada aspecto da nossa vida se assim o aceitarmos.
A Espiritualidade não faz parte da nossa vida, ela é a nossa vida. Por muito que a coloquemos numa caixa que só retiramos para fora da prateleira quando estamos sozinhos, a verdade é que ela está sempre connosco, porque somos Seres espirituais e Unos. É por isto que é tão importante nos momentos mais sofridos em que achamos a nossa vida pequena, chata e complicada, chamar a energia pura do Universo para impregnar cada parte de nós para que possamos começar a lembrarmo-nos onde reside o nosso verdadeiro Poder, para o aplicar também aqui em vez de o usar constantemente para voar para outras margens.
Sempre gostei da analogia da árvore, que refere que quanto mais alta a árvore, mais profundas as suas raízes precisam de ser, precisamente para que uma rajada de vento não a derrube com facilidade e a leve para longe. Também nós precisamos dessas raízes, doutra forma a nossa parte humana, as nossas emoções e a nossa mente ficam tão desfragmentadas, que até o mais pequeno problema ou desafio pode despoletar uma reacção emocional intensa. Porque é que acha que há tantas pessoas que se auto-denominam espirituais, que praticam yoga e meditação todos os dias, e depois têm atitudes que nos parecem imaturas e até agressivas? Que as mesmas pessoas que professam a humildade se tornam arrogantes e se acham mestres espirituais que devem dizer aos outros o que devem fazer e como viver as suas vidas? É que ninguém, onde quer que tenha nascido, qualquer que seja o seu QI ou qualquer que seja o seu nível de psiquismo, pode evoluir aqui sem passar pela experiência humana na sua plenitude, e esta experiência passa sempre por viver as emoções e crescer através delas, sempre. Por muito que se esperneie e se ache que se tem um terceiro olho do tamanho do Evereste, se se recusa a olhar para o seu interior, mais tarde ou mais cedo, a máscara da ilusão acaba por se revelar.
Compreendo que é assustador, percebo perfeitamente. É difícil, é desorientador e é de arrancar os cabelos em certas alturas, mas é também libertador. Expande-nos para além dos nossos sonhos mais loucos, faz-nos rir das ideias que temos acerca de nós próprios e preenche-nos com sensações puras e magnânimas… mesmo quando estamos na fila para o autocarro. Não há limitações, não há circunstâncias e não há rituais necessários. Somente nós em plenitude.
Se estas palavras lhe fizerem sentido, e quando se sentir preparado (poderá levar algum tempo ou ser imediato), diga as seguintes palavras em voz alta. Sim, pode parecer-lhe ridículo de início, também achei isso das primeiras vezes que o fiz, mas é potente e abre caminhos:
(Pode começar por escolher a quem/o quê se dirige consoante o que lhe fizer mais sentido, ou a todos, não importa. A mensagem chega aonde deve, por isso invoquei várias designações abaixo ;))
“Universo, Deus, Fonte de Amor Incondicional, o meu Eu Superior, Seres de Amor Incondicional, a minha família espiritual de Amor Incondicional cósmica e da Terra,
Peço para que intervenham directamente na minha vida para que eu possa manifestar o meu verdadeiro Eu. Por favor, façam chegar facilmente até mim as pessoas, as circunstâncias e as soluções perfeitas para me ajudar. Peço para que cuidem das minhas dores, das minhas ansiedades e das minhas relações. Escolho, neste momento, dar-vos as minhas preocupações em troca de Paz, Serenidade e Confiança. Confio que tudo está a ser cuidado para que eu manifeste o meu propósito de vida com suavidade e tranquilidade.
Obrigada pela vossa presença na minha vida e pela ajuda.”
Poderá acrescentar o que quiser, seja aos pedidos, seja à “despedida”, o que quiser. Poderá parecer-lhe um discurso muito de New Age, mas na verdade é apenas para que você comece a abrir-se à sua própria Alma e a permitir esta acção na sua vida. Lembre-se que apesar de se estar a dirigir a “eles”, na verdade, está a dirigir-se a “nós”, pois a sua Alma faz parte do Todo, não há separação, mas esta forma serve para não confundir a nossa mente em demasia quando começamos a fazer pedidos deste género. Não tem de ser complicado nem preso a receios de religião, cultura ou crenças. Veja como se sente, não dê atenção à cabeça neste momento, sinta apenas e que isso seja o seu barómetro agora.
Você é necessário aqui. Faz parte de todos nós, mesmo que nesta vida não nos conheçamos todos uns aos outros, as suas acções, pensamentos e decisões afectam o Todo. Continue a voar, é de facto maravilhoso, mas comece a pensar em assentar bem os pés na Terra, alimentando as suas raízes, abrindo-se à sua vida interior para se redescobrir e trazer a Luz que experiencia em momentos de silêncio para aqui para que a Terra e todos nós possamos usufruir dela também. Obrigada por existir 🙂
Sofia
Adorei. Esta informação elucidou me grata.
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Muito obrigada pelo seu comentário, Odete. Fico feliz por a ter tocado 🙂 Muita Luz✰✰✰
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