Temos direito a sentir

água

A Energia é como a água. Fonte de vida, com potencial infinito de nos beneficiar, porém também vulnerável a contaminações. Estas contaminações afectam todas as partes de nós, a emocional, a mental, a energética. Temos tendência para querer encontrar o motivo específico para justificar o nosso mal-estar, quando por vezes, os motivos são vários, as origens profundas e os seus efeitos mais extensos do que imaginamos. A nossa mente contenta-se com explicações simples, com causa e efeito concretos, fáceis de compreender. É importante para a nossa mente poder dar uma explicação específica a algo, para podermos arrumar também o nosso mal-estar numa categoria. Contudo, esta nossa compulsão interna de querer arrumar as nossas sensações em prateleiras bem etiquetadas impede-nos de chegar à verdade, prende-nos num ciclo de padrões que se repetem ao longo do tempo, intensificando-se porque insistimos em atribuir o que sentimos a causas externas ou a características da nossa personalidade.

“Estou de mau-humor, porque o gato me acordou a meio da noite. Não tenho paz, porque o meu patrão me faz a vida negra. Estou ansioso, porque é assim que eu sou. Estou frustrado, não gosto deste trabalho, mas já tenho esta idade, perdi o “comboio da oportunidade”.”
E quando temos sensações de mal-estar para as quais não temos explicação imediata, a mente viaja incansavelmente até encontrar uma causa que, mesmo não sendo totalmente razoável, serve para arrumarmos o assunto. Se tivermos de usar uma analogia, é como se se encontrasse num quarto escuro, em que não vê um palmo à frente do nariz, e tacteia à sua volta até encontrar um objecto que se aproxime de uma explicação plausível para o seu mal-estar. Contudo, se alguém ligasse o interruptor desse quarto e você se visse no meio de uma divisão desarrumada, cheia de pó, com pilhas e pilhas de objectos inúteis até ao tecto, com tanta quinquilharia que nem sequer conseguiria dar um passo que fosse sem chocar contra alguma coisa, talvez pusesse a possibilidade de que o seu mal-estar não se devesse apenas a “uma” coisa que aconteceu naquele dia particular ou em semanas anteriores. Talvez o mal-estar se devesse a estar num local interno desconfortável, desarrumado e agreste. Num ambiente interno dissonante, mesmo que mude uma coisa ou outra do lugar, continuará a não estar equilibrado. A Energia está lá, mas está contaminada e, por se encontrar no seu centro, também o seu Ser é contaminado.

Não quero com isto lançá-lo numa espiral frenética, onde põe em causa tudo na sua vida, e fica ainda mais ansioso com a sua situação actual. Paradoxalmente, quero com isto dizer-lhe para relaxar. Sim, pode parecer estranho depois da descrição acima, mas na verdade, o que é importante neste momento é parar. Parar de procurar justificações para a forma como se sente. Parar de se ver a si próprio como um armário de arrumações, onde tudo tem de estar perfeitamente explicado e etiquetado. Porque quando procuramos justificações para a forma como nos sentimos, não estamos à procura dos verdadeiros motivos, estamos sim à procura de uma explicação rápida. Algo que nos diga que temos permissão para nos sentirmos mal. Se encontrarmos uma razão para o nosso estado de espírito, então, perante nós próprios e também os outros podemos respirar de alívio, pois temos uma explicação para a forma como nos sentimos. Não é que sejamos fracos, vítimas ou com pouca força de vontade, é porque o dia nasceu cinzento, os nossos colegas nos aborreceram, o autocarro veio atrasado, temos uma doença… Esta última afirmação está na base desta nossa compulsão interna de procurar a causa mais rápida possível para as nossas sensações. No fundo, esta procura tem como força motriz o medo. O medo de acharmos/acharem que somos fracos, cobardes, medrosos, queixinhas. Não damos a nós próprios permissão para nos sentirmos como nos estamos a sentir. Achamos que há pessoas que estão piores do que nós, por isso não temos o direito de deixar correr aquelas lágrimas, de partir aqueles pratos, de nos enrolarmos debaixo dos lençóis. E esta forma de viver acorrentada é deveras insuportável.

Enquanto andamos este tempo todo a arrumar todas as nossas causas bem arrumadinhas nas várias prateleiras, bem etiquetadas e organizadas, o verdadeiro tornado vai-se desenvolvendo no nosso interior, ganhando cada vez mais força, sem nos apercebermos.

Se for uma pessoa naturalmente alegre e que, de vez em quando, se aborrece porque algo aconteceu, mas rapidamente volta ao seu estado alegre natural, dou-lhe os meus parabéns. Mas, se por outro lado, se aperceber que o seu estado natural se tornou maioritariamente soturno, apreensivo do futuro, ansioso ou agressivo, com pontuais pintalgadas de momentos de semi-contentamento, então sugiro-lhe que pare de tentar encontrar justificações externas e admita para si próprio que não é feliz. Este admitir não é uma atitude de fraqueza, é uma atitude de força, porque é uma atitude honesta. É um accionar do interruptor e olhar para a divisão onde se encontra, em toda a sua fealdade… mas também em todo o seu potencial.

Soluções diferentes funcionam para pessoas diferentes, mas o primeiro passo na recuperação da nossa saúde interna é admitir o ponto em que nos encontramos. O segundo passo é não nos recriminarmos pelo ponto onde nos encontramos. O terceiro passo é aceitar em pleno esse ponto e acreditar que temos a força para evoluir.

Energia é como a água. Se bebessse água castanha contaminada, não levaria muito tempo até ir parar ao hospital. Acontece o mesmo com a energia. Se continuamos a respirar a energia contaminada da nossa divisão interna agreste, mais tarde ou mais cedo, sentiremos as consequências. Não quero dizer-lhe o que deve fazer, mas seria hipócrita da minha parte falar em espiritualidade e energia sem referir aquilo em que acredito. E acredito que não estamos sozinhos. Acredito e porque passo por isso todos os dias, que a energia que nos circunda não parte apenas de nós, fazemos parte de uma energia colectiva, esta energia influencia-nos directamente e é por isso que considero tão importante pedirmos ajuda a Seres que nos podem ajudar nesse sentido. Para alguns de vós pode parecer “bruxaria” ou “treta”, mas para mim é tão simples e normal como andar ou ir às compras. Existe quer acreditemos ou não.

E, se neste momento, se sentir perdido e sem saber que direcção tomar, sugiro que não chame nenhum Ser pelo nome, pois a nossa energia interna dissonante poderá criar alguma confusão. Seja o mais vago possível, sendo ao mesmo tempo específico nos valores que lhe são mais importantes. Uma das invocações que gosto mais é “Seres de Amor Incondicional Cósmicos e da Terra, que ajudam a Humanidade a evoluir positivamente, combatendo toda a negatividade, em pleno respeito pelo livre-arbítrio e soberania da Humanidade”. Esta “soberania” não tem a ver com sermos a raça superior da Terra, tem a ver com a nossa soberania interna, refere-se ao nosso poder pessoal, onde temos o direito de dizer “não” e “sim” sem nos passarem por cima.

Cada um está a passar por momentos pessoais únicos e cada um, independentemente das suas circunstâncias, tem o direito às suas emoções, pensamentos e sensações. E, cada um tem o potencial de ultrapassar os seus desafios internos, por muito difíceis que possam parecer. Não desista!

Seja livre, escolha em Consciência ❤

Muita Luz,

Sofia M.

Faço leituras de cartas individuais: https://sofiamotamarques.wordpress.com/leituras-de-cartas/

Página do Facebook: Tesouros Gayatri

Deixe um comentário