É um dado adquirido que todos nós temos o nosso tempo aqui, quer acredite que este esteja pré-determinado ou vá mudando consoante as escolhas que fazemos. De qualquer forma, ninguém sabe quanto tempo tem. E o mesmo se passa em relação às pessoas que mais amamos aqui. A nossa mortalidade pode ser fonte de ansiedade ou pode ser uma oportunidade para fortalecer relações e compreender a importância da verdadeira aproximação e intimidade.
A pressa vivida no quotidiano, as nossas vidas estruturadas compostas por manhãs, tardes e noites, onde os nossos horários estão determinados por um conjunto de factores, incluindo obrigações, necessidades e desejos, dão-nos a ilusão de que os dias se passam uns a seguir aos outros. E, queixamo-nos porque num dia nos dói a ponta do pé e noutro dia refilamos contra o trânsito, e passamos horas a desabafar sobre aquela atitude que um colega nosso irritado teve connosco. E, de repente, estamos cheios internamente dos nossos horários, dos nossos futuros imaginados, respirando uma realidade que se repete todos os dias e, se não pararmos por um momento, a nossa mente fica plenamente convencida de que estes dias se desenrolarão até ao infinito, como se a mortalidade fosse um sonho do qual toda a gente sabe, mas sobre o qual raramente se fala e do qual temos pouco entendimento.
Por muito que tenhamos a sensação de que os nossos dias avançam uns pegados aos outros, ocasionalmente alterados por um período de férias ou um fim-de-semana mais empolgante, a verdade é que tanto nós como as pessoas que nos rodeiam vivem tão cheias de vida como de mortalidade. E, podemos escolher olhar para esta questão com ansiedade e medo, continuando a viver como se a morte estivesse sempre a muitos anos de distância, ou podemos aproveitar para realmente olhar para a nossa condição humana e talvez questionar as nossas prioridades.
As pessoas que nos rodeiam hoje, algumas delas poderão não estar cá amanhã, e a pessoa que você é para elas, poderá também um dia desaparecer de repente. Estas palavras não têm a intenção de alarmar nem de colocar uma nuvem negra por cima da sua cabeça, servem sim para o relembrar de que ter Consciência da Vida é ter Consciência da Morte. E, quando aceitamos esta realidade dentro de nós, começamos a valorizar os momentos que passamos com os outros, aprendemos a estar gratos pelo tempo que temos agora para viver a nossa vida e é como uma chamada de atenção para olharmos para o nosso estado actual e pensar: que prioridades tenho dentro de mim? Toda a gente diz que uma das grandes prioridades são as pessoas que ama na sua vida, mas se olhar de facto para o seu dia-a-dia, tem estado realmente presente com essas pessoas? Ou a sua presença limita-se apenas a estar no mesmo espaço geográfico do que elas? Estar presente implica uma vontade intrínseca de fortalecer as relações com os outros, construir intimidade não acontece só porque sim, é resultado do contacto entre Almas que partilham um ou vários momentos juntas.
Eu que estou a escrever e você que está a ler, nós um dia não estaremos aqui, mas levaremos connosco as nossas experiências, deixando nesta Terra a nossa energia e as memórias que partilhámos com aqueles que ainda ficarem aqui depois de nós. Não levamos nada mais, os nossos horários deixam de existir, as obrigações tão importantes hoje tornam-se inúteis, os deveres que colocámos acima das nossas relações já não fazem sentido e as prioridades materiais subitamente perdem relevância. Tudo o que levamos e deixamos para trás são experiências, são momentos, são partilhas. Então, o que é realmente importante no final de tudo? Quando se encontra perante uma decisão entre tratar daquele monte de roupa suja e passar umas horas de qualidade com quem mais ama, o que escolhe? Baseia a sua escolha no pensamento de que terá tempo no futuro para estar com eles? E, se alguém nesse momento lhe revelasse que esse futuro não existiria, o que faria então? Provavelmente, aquele monte de roupa suja perdia toda a importância. Então, convido-o a sair do “piloto automático” e olhar para o seu momento presente, o seu dia presente e compreender profundamente a impermanência das circunstâncias, a impermanência da presença das pessoas, a impermanência da Vida e agir com gratidão por aquilo que o rodeia, mostrando o seu Amor.
Amor em cada momento presente é o que cultiva uma vida rica, cheia e plena. E é também o que nos ajuda a aceitar que tudo tem um Fim, mas que esse fim não tem de ser visto com terror, pode ser visto como uma oportunidade para estar grato e poder expressar o seu Amor enquanto aqui estiver com quem ainda cá está 😉 E, consoante as suas crenças, esse Fim pode ser apenas um passo na viagem eterna da Alma e nesse sentido, a Morte é apenas outra etapa. Contudo, o Ser Humano que você é nesta vida, bem como os Seres Humanos que o rodeiam agora, são únicos. A Alma é eterna, mas a vida que está a viver agora é única, não acontecerá novamente. Por isso, valorize as pessoas na sua vida, os encontros inesperados, os amigos que vão e vêm, a família que aumenta ou diminui. Poderá não saber quanto tempo tem, mas pode decidir como passar esse tempo em cada momento.
Seja livre, escolha em Consciência 🙂
Muita Luz,
Sofia M.
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Faço leituras de cartas individuais: https://sofiamotamarques.wordpress.com/leituras-de-cartas/