Entre os maiores medos que a maioria de nós sente, o medo do fracasso deve ser um dos que ocupa o lugar de destaque na nossa vida (mais ou menos ao lado do medo do sucesso, o que é interessante). Este medo do fracasso tem muito que se lhe diga, porque à partida parece ser uma questão de arriscar dar aquele passo que mudará a nossa vida, como deixar o emprego para procurar outra actividade, ou mudar de país. Geralmente, relacionamos o medo do fracasso com grandes acções, intrépidas decisões que nos colocam face a face com os nossos maiores medos. Mas, na verdade, o medo do fracasso limita-nos no próprio quotidiano. É que podemos associá-lo a grandes acções, mas, na verdade, este grilhão acompanha-nos de forma muito mais presente do que poderíamos imaginar à partida.
Não somos ensinados a lidar com o fracasso. Desde pequenos que lidamos mal com ele, associando ao mesmo emoções de vergonha, auto-crítica e rebaixamento de nós próprios e também dos outros. E, o que é ridículo nesta equação é pensar que o fracasso faz parte da vida, ele vai ocorrer, é inevitável. Então, porquê fazer um estigma tão grande de algo que é inevitável nas nossas vidas? É ridículo e é cruel, porque nos embrulha numa discussão incessante mental e nos limita atirando-nos para uma vida cinzenta e rotineira.
Fracassar não é mais do que uma questão de perspectiva.
De uma forma muito básica, fracassar é não conseguir atingir os nossos objectivos originais. Esta é a perspectiva que nos é incutida desde novos. E, para além disso, é-nos incutido também que quem não atinge os seus objectivos é uma pessoa pouco inteligente, pouco trabalhadora, de fraca vontade e, no fundo, muito abaixo da média, já que aqueles que atingem os seus objectivos são aqueles que consideramos pessoas de sucesso, certo? Então, o contrário é sermos pessoas fracassadas. E ninguém quer ser um fracasso, ninguém quer que a família, os amigos, a sociedade achem que é um fracasso, porque dessa forma pensarão que é uma pessoa pouco inteligente, pouco trabalhadora, de fraca vontade, etc etc… É cruel, é um grilhão e, ainda por cima, não é verdade. Gostaria de o convidar a ter outra perspectiva sobre esta questão e talvez, quem sabe, ganhar outra perspectiva sobre a sua vida.
Aquele que obtém o sucesso é aquele que nunca desistiu, e se nunca desistiu pressupõe-se que fracassou muitas vezes.
O que é realmente importante nesta vida? Será obter as recompensas materiais, aquela casa, aquele carro, aquele status? A vida é apenas um conjunto de objectivos à espera de serem alcançados? Valerá realmente a pena viver uma vida inteira com medo de perseguir aquilo que de facto queremos, porque temos um terror de não conseguir alcançá-lo? Convido-o a retirar importância a esses objectivos, a esses desejos. Eles existem para nos colocar em movimento, para nos aliciar a ir atrás deles, mas isso não quer dizer que o grande objectivo de toda essa viagem fosse chegar ao fim da forma exacta como você imaginou. O objectivo fracassado, a iniciativa que não teve o fim que se desejava, não foi mais do que um pretexto da sua Alma para o fazer passar pelas experiências que precisava para crescer, para evoluir, para expandir a sua Consciência. Poderá alcançar ou não o seu objectivo original, mas não é isso que é importante.
Todos nós já fracassámos em algo, poderá ter sido pequeno ou grande, mas não há qualquer vergonha que deva ser envolvida nesse resultado. Não há qualquer sentimento de culpa ou de auto-crítica que deva existir aqui. A existir algo, seria um grande parabéns pela coragem que teve em dar o passo, em arriscar fracassar. Se conseguiu atingir o seu objectivo original, parabéns, e se fracassou no objectivo original, parabéns também, porque obteve experiências e expansão que nunca teria obtido se não se tivesse movimentado nessa direcção.
Medo do fracasso é como ter medo de respirar. Faz parte da vida, faz parte da nossa experiência humana. Quando nos deixamos engolir por este medo, começamos a colocar tantos limites nas nossas acções que acabamos por nos enfiar numa caixinha muito pequena, cinzenta, monocromática e previsível. Esta atitude só nos trará estagnação, o que conduz à depressão, à fraca auto-estima e à desolação. É normal que assim seja, pois a Alma é sempre expansiva, procura sempre novas experiências e a evolução. Essa caixinha onde você se enfia muitas vezes é minúscula comparada com a grandeza da sua Alma, do seu Poder.
Então, eu volto a perguntar: O que faria se soubesse que não poderia fracassar? Ou, melhor ainda, o que faria se o fracasso não tivesse importância absolutamente nenhuma? Porque, na verdade, o fracasso não tem importância nenhuma. Fracassos são como as estações, vão e vêm, mas a única permanência é você próprio. É você que continua aqui, a respirar todos os dias, a tomar decisões todos os dias, mesmo quando decide não agir. Retire a venda dos seus olhos, veja como as pessoas em geral vivem embrulhadas em fios ilusórios de aprisionamento e que é por causa desta mentalidade que sentem o impulso de criticar e rebaixar aqueles que são “loucos” para ir atrás do que sentem por dentro só porque sim. Não sinta estas opiniões como a Verdade, não deixe que incutam em si emoções de vergonha ou de medo do fracasso, porque você é livre. Livre para ter sucessos e para ter fracassos, livre para rir e chorar, livre para viver toda a vida numa aldeia ou viver a vida a viajar de país em país, livre para ser quem É. Não precisa de se enfiar numa caixinha, nem de ter uma determinada personalidade, nem sequer de imitar aquilo que vê à sua volta.
Você veio para esta vida para Ser quem É. E, se esta existência passar por delinear objectivos, falhar nos mesmos e ganhar muita experiência, muitas lições de vida e um entendimento profundo daquilo que o Ser Humano é em toda a sua grandeza e pequeneza, então veja isso como uma vitória. Porque, para a Alma, Evolução é vitória e não o contrário. O Medo que você sente não vem da Alma, foi algo aprendido e incutido, e é por isso ilusório.
Pense no seu quotidiano e quantas vezes se limita por ter medo de falhar, até nas coisas mais pequenas. Aquela receita que acha demasiado complicada para tentar. Aquela ida ao ginásio, porque acha que toda a gente ficará a olhar para o seu corpo redondinho. Aquela ida ao karaoke em que todos os seus amigos cantam, menos você. Aquela viagem que gostaria de fazer, mas que teria de ir sozinho e isso o assusta. Aquela história que sempre o acompanha, mas que fica paralisado quando pensa em escrevê-la. E tantas outras coisas!
O que faria se soubesse que não poderia fracassar e que o resultado da sua iniciativa não seria importante? Pense, pondere, e vá ao fundo das correntes limitadoras que colocou em si, porque a única pessoa que poderá libertar-se delas, é você.
Seja livre, escolha em Consciência 😉
Muita Luz,
Sofia M.
Página do Facebook: Tesouros Gayatri
Faço leituras de cartas individuais: https://sofiamotamarques.wordpress.com/leituras-de-cartas/