Aquilo que não realizamos não tem de ser fonte de crítica

Quero convidá-lo por um momento a pensar seriamente no que é “crítica”. Fala-se muito em críticas construtivas, que são consideradas positivas em oposição às destrutivas, consideradas negativas. Contudo, se olharmos com mais atenção, crítica não é mais do que apontar o dedo a algo que achamos não estar bem. Esse apontar de dedo pode ser feito de forma amigável ou de forma agressiva, mas não deixa de ser um dedo apontado directamente a uma vulnerabilidade pessoal ou do outro. Somos ensinados que a crítica é boa, que havendo auto-crítica é uma forma de nos vigiarmos para saber o que devemos mudar em relação a nós próprios. Gostaria de o convidar a olhar para esta questão por outra perspectiva.

A crítica é formulada a partir de um ponto de vista de um Eu Interior que observa algo, que pode ser um comportamento, opinião, etc, e conclui que esse algo é negativo e tem de ser mudado. Frequentemente, a crítica traz consigo uma lição de moral, que é transmitida supostamente para trazer a solução àquele problema detectado. Num mundo ideal, sem projecções mentais ou intenções subconscientes, criticar o outro ou nós próprios poderia ser uma excelente ferramenta de análise de comportamentos e padrões mentais/emocionais com vista a melhorias, mas na prática não é assim. Na prática, a crítica traz consigo uma energia abrasiva, que chega a roçar a arrogância, e pressupõe sempre que o que foi feito ou não feito deve ser alvo de condenação. Crítica e condenação estão, muitas vezes, de mão dada. Poderá afirmar que não é essa a sua intenção, e é compreensível, mas tente observar que reacção provoca nos outros e em si próprio quando usa a energia da crítica. Tente sentir por dentro a energia que está a criar ao criticar alguém ou a si próprio. E, se reparar como há indícios de condenação por detrás dessa crítica, poderá começar a pensar que talvez não seja a melhor via para alcançar os seus objectivos mais elevados. É que “agarradas” à energia da condenação, vêm outras energias do género “eu sei mais do que tu” ou “sou sempre o mesmo, nunca aprendo”, etc. E, quando usamos a crítica de forma repetida, esta torna-se um padrão. E, de repente, sem nos apercebermos temos um guarda prisional constantemente a dar-nos a sua “opinião” sobre tudo aquilo que não realizamos e devíamos estar a realizar, que não somos capazes porque não temos capacidade para mais, não somos suficientemente bons nisto ou naquilo, etc. Ou um autêntico polícia em relação aos outros, sempre de olho atento para detectar a mais pequena “infracção” e pronto a usar o apito.

Consciência não é o mesmo que crítica, pois Consciência tem em si a energia da Sabedoria, que nos transmite tranquilidade e confiança. Ao cometermos um erro ou um deslize, a Consciência anota o ocorrido, agradece a sua capacidade de reconhecimento do que ocorreu, observa o ocorrido em busca de aprendizagem e cria confiança para no futuro esse erro ou deslize não ocorrer, mantendo no entanto o sentido de evolução que nos diz que, mesmo que esse erro ou deslize ocorra novamente, que aprenderemos com ele e daremos mais um passo na nossa evolução. Ao passo que a crítica nos mantém a rodar em círculos, focados constantemente naquilo que temos de mudar e não conseguimos, num rol infinito de problemas, a Consciência liberta-nos desse padrão aprisionado e lembra-nos que somos responsáveis por nós, temos toda a capacidade de transformar as nossas vidas e que, com compaixão e tranquilidade, tudo é possível.

Estes não são conceitos simples, mas sempre que se sentir mal consigo ou fizer outros sentirem-se mal com aquilo que não se realizou ou com erros cometidos, está a usar uma energia negativa circular que o manterá no mesmo sítio com a sensação ilusória de movimento. Reforço negativo não é a força motriz mais eficaz, mas sim um encorajamento positivo quando acreditamos que somos capazes de mudar o que quisermos em nós. E, quando percebemos o verdadeiro Poder da Consciência, e largamos o padrão da crítica, largamos também a necessidade de criticar o outro, pois vemos como essa energia só vai gerar negatividade.

É importante desenvolver a nossa Consciência, aceitando as “falhas” em nós, sentindo responsabilidade pela nossa própria evolução, mas sem qualquer tipo de auto-crítica ou auto-condenação. Para semear alegria na sua vida, valorize as boas qualidades que tem e plante compaixão em relação àquilo que gostaria de melhorar em si. Estamos todos aqui para fazer aprendizagens, porque razão temos de nos condenar pelas aprendizagens que ainda não alcançámos?

Seja livre, escolha em Consciência 😉

Muita Luz,

Sofia M.

Página do Facebook: Tesouros Gayatri
Faço leituras de cartas individuais: https://sofiamotamarques.wordpress.com/leituras-de-cartas/

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