
Um dia de tempestade
Todos nós temos aqueles dias. Aqueles dias em que é uma luta interna conseguirmos sentir-nos confiantes, quando de repente as dúvidas que temos se revelam como grandes bocas abertas cheias de dentes afiados, prontas a devorar-nos. Tentamos lembrarmo-nos do que fizemos dias antes para sentirmos que estávamos no caminho certo, quando hoje as opções estendem-se até ao infinito e nenhuma parece ser a certa.
Faz parte da experiência humana passarmos por estes dias. Sem querer entrar em grandes dissertações metafísicas acerca das razões por detrás desta descida aos infernos fumegantes, quero no entanto afirmar que nem tudo aquilo que sentimos provém da nossa vida ou do nosso interior por si só. Nós somos Seres ligados a tudo e a Humanidade mantém uma ligação colectiva entre si. É por isso que se fala tantas vezes no poder dos pensamentos. Estes não nos influenciam apenas a nós, mas estendem-se como pequenas ondas que vão mudar a energia do ambiente e da consciência colectiva, tendo efeitos que vão muito para além da nossa imaginação. E, para além de sermos Seres sensíveis que recebemos milhares de estímulos por parte desta Consciência colectiva, ainda somos influenciados pela conjuntura energética criada pela própria Terra que, por sua vez, é influenciada pelo ambiente do Cosmos. E é impossível escapar a esta realidade, mas tendo consciência dela podemos libertar-nos da frustração e, mais importante do que tudo, podemos parar de nos recriminarmos pelo nosso estado emocional e psicológico. Repare que recriminação não é o mesmo que responsabilidade. Enchermo-nos de culpa e crítica por achar que somos fracos e sem capacidade para mudar a nossa vida não nos leva a lado nenhum. Ser responsável é saber que não somos vítimas e que temos o potencial divino de dar os passos necessários em direcção à nossa Alma, mas é também dar-nos a nós próprios o direito de ter momentos de cansaço, de desânimo ou de isolamento. Não é sucumbir a esses momentos, é deixá-los fazer a travessia que têm a fazer, aprender com as sensações e libertá-las, sem culpas nem recriminações, sempre com a convicção de que estamos a evoluir e que também esta tempestade terá o seu término.

Um dia de sol
Há uma ideia generalizada que nos é incutida desde pequenos, que nos diz que temos de ser de uma determinada forma. Temos de ser líderes, temos de ser fortes, temos de ser guerreiros. E, não é que não seja verdade, mas não engloba todo o Ser complexo que é o Ser humano. Ser humano é também passar por emoções de dúvidas, ansiedade e nervosismo, aprendendo a lidar com essas emoções sem, por um lado, nos criticarmos nem, por outro lado, as ignorar cravando o olhar no futuro por não querer enfrentar essas emoções.
Há alturas mais penosas do que outras. Algumas alturas são mais pesadas por questões circunstanciais que ocorrem exteriores a nós (aparentemente) e outras derivam do nosso interior sem que pareça haver motivos externos para tal. Não há realmente diferença entre uma situação e outra. Apesar de ser mais fácil para os outros “aceitar” que você se sente mal por causa de circunstâncias, não é menos válido você sentir-se em baixo por nenhum motivo aparente. Não se recrimine por não estar no seu melhor, por se sentir fragilizado, triste ou com medo e não o conseguir justificar nem a si próprio nem aos outros. O Ser humano encontra-se colectivamente numa batalha há Eras para não construir tantas conclusões acerca do outro baseado em aparências. Se a outra pessoa está em sofrimento, de que vale eu achar (e pior, dizer) que os problemas dela são facilmente resolvíveis? São-no para quem está de fora, mas com certeza que todos nós temos problemas internos, facilmente resolvíveis por pessoas externas, mas que por sermos nós a passar por eles, estes são verdadeiros desafios olímpicos. Por isso, fica a sugestão para começar a olhar para os outros sem os criticar acerca dos seus problemas “simples” nem se recriminar a si próprio por causa dos seus. É muito libertador quando nos vemos uns aos outros no mesmo barco e que, apesar das circunstâncias e personalidades diferentes, todos partilhamos a mesma experiência aqui. E, não sei qual é a sua opinião, mas quanto a mim, prefiro ser alguém que olha para o outro com compaixão e trabalha para elevar o seu ânimo em momentos difíceis, do que aquele que olha o outro de cima para baixo e aponta o dedo.
Dê a si próprio espaço para ter os momentos que precisa de ter. A mestria interna obtém-se verdadeiramente atravessando tudo aquilo que somos, e isto inclui sofrimentos, dores e dúvidas. Andar a saltar por cima destes desafios sem lidar com eles só os vai aumentar de tamanho até um dia ser impossível para si saltar ou contorná-los.
A emocionalidade faz parte de todas os homens e mulheres deste planeta, que se inter-influenciam constantemente, num fluxo interminável de momentos felizes e desafiantes que os conduz à Evolução. Esta pode ser feita com Consciência e ser uma espiral ascendente ou ser feita sem Consciência conduzindo à estagnação ou, mesmo, a uma espiral descendente. Escolha o olhar com compaixão para si e para os outros, sinta-se livre porque o é realmente, e liberte a culpa que só o prende dentro de si. Assuma o seu papel de Mestre neste planeta e diga a alto e bom som que tem o direito a uma emocionalidade responsável, sem ter de o justificar a ninguém.
Seja livre, seja genuíno e rodeie-se de energia positiva 😉

A Matilde sabe bem o que a ajuda a atravessar os momentos mais difíceis.
Muita Luz,
Sofia M.