O tempo a passar… e você a desesperar!

Rosas num dia de contemplação

A energia da sociedade em que vivemos e fomos criados impulsiona-nos sempre para a frente. Não é saudável parar, é crucial avançar, sempre avançar. Cedo aprendemos que o tempo de contemplação de que usufruíamos em criança, já não faz sentido quando se é adulto. O adulto sabe que perder tempo é cavar a própria sepultura, já que todo o tempo deve ser proactivo… excepto quando nos pomos a ver televisão, mas nessas alturas lançamos pela janela as “obrigações” e dizemos “também mereço um tempo de vegetação”.

Mas, quantas vezes o nosso coração e a nossa mente vagueiam por outras actividades que gostaríamos de fazer e quantas vezes dizemos “não tenho tempo” ou “quando conseguir resolver isto, então terei tempo/disponibilidade mental para outras actividades” ou “não é a altura certa” ou mesmo “isso não é apropriado para um adulto responsável e sério como eu”. Contudo, quando paramos (ou somos forçados a parar) por exaustão ou por doença, então perante o sentimento de culpa por essa paragem, justificamo-nos com “também mereço, porque trabalho muito” ou “não tenho culpa de estar doente”. Contudo, paramos e… o mundo parou por isso mesmo? Aconteceu algum cataclismo por estarmos de cama? Aquelas pessoas que precisam e dependem tanto de nós ficaram num sofrimento atroz porque nós fomos forçados a não lhes dar atenção? Ou, apesar de tudo, o sol continua a nascer e as pessoas à nossa volta continuam a respirar?

É importante começar a dar atenção a estes sentimentos de culpa que nos fazem acreditar que o tempo não é nosso, que decidir pelo nosso bem-estar é ser egoísta e que as pessoas ou o nosso trabalho precisam tanto de nós que nos é negada qualquer pausa para algo que não tenha um “objectivo específico e adequado”. Sempre que dizemos “há pessoas que podem tirar algum tempo para elas, mas eu não, porque…”, estamos a negar o nosso próprio poder de criar o espaço que precisamos para recarregar baterias, expandir horizontes e evoluir. Pergunte a si mesmo: por que razão estou aqui hoje? Por que razão acordei esta manhã e estou vivo? Quando partir desta vida, o que levarei comigo? Uma vida de correrias, sempre num stress afogado em preocupações, numa eterna promessa de que poderei dar a mim próprio um momento de verdadeira paz e relaxamento quando resolver todos os problemas?

Hoje, nem que seja por 30 segundos, tenha a intenção de parar. Parar nem que seja para respirar. Parar apenas por parar, sem qualquer outro objectivo. E sinta como é crucial darmos tempo a nós próprios. Repare, não é ter tempo para nós, é darmos tempo a nós próprios. Porque a única pessoa que tem realmente a capacidade de dar tempo a si próprio é você mesmo. E, mesmo que tente culpar os outros ou a sua vida pelo seu estado de perpétua ansiedade, o único Poder que pode realmente mudar essa situação é o seu próprio Poder. Tempo de contemplação, lazer criativo (não o “lazer” à frente da televisão), uma sesta, brincar com os seus animais domésticos, ouvir música ou dançar, artes manuais, etc não são “perda de tempo”, não são “actividades periféricas”, são essenciais porque são através delas que se abre à sua Alma. Lembre-se, não é uma máquina por muito que a sociedade ou as circunstâncias o queiram convencer disso, é um Ser multidimensional a passar por uma experiência humana e essa experiência será ditada por si, pela forma como navega este mundo e as suas experiências pessoais.

Você é digno de Amor, de Paz e de Alegria. E, se ao ler estas palavras, achar que estas sugestões são apenas “para quem pode”, fique a saber que a autora deste blogue sabe muito bem o que é sentir que ter 24 horas num dia não chega. Que as necessidades de outros são tão prementes e importantes que “terei aquela pausa quando resolver isto… e mais aquilo… ah, e não me posso esquecer daquilo também”. E é precisamente por ter passado por isto e me ter apercebido depois de que é tudo uma grande ilusão e que, de facto, nós temos o Poder para mudar as nossas circunstâncias, que lhe digo aqui e agora que, sim, você tem esse Poder… se assim escolher acreditar.

Sem culpas e sem recriminações, comece a dar pequenos passos em direcção a si próprio novamente. 30 segundos hoje, 60 segundos amanhã. Acredite que após esse tempo, o mundo à sua volta continuará a girar, mas você terá começado a mudar e descobrirá que não é preciso resolver os problemas para finalmente se sentir bem. Na verdade, diria mesmo que é preciso sentir-se bem para resolver os seus problemas.

Lembre-se: você é digno.

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